Contrabalançando o post Bola Quadrada, neste aqui eu vou mostrar como bater um bolão, redondo, usando BI.
Hoje, 17-5-17, aconteceu um evento do SAS, a maior empresa de BI do mundo, sobre aplicações de Marketing, o SAS Customer Intelligence Forum. O evento foi gravado: assista neste link. A primeira palestra é em inglês e não tem legendas, mas o restante é todo em português.
Vamos por partes.
Marketing Analítico
A primeira palestra foi feita pela Vice-Presidente Sênior de Marketing do SAS, Adele Sweetwood. Ela é autora de um livro, que aparentemente vende muito bem: The Analytical Marketer.
O conceito, em si, é simples: há tantos dados disponíveis, e tanto poder de processamento, que novas formas de entender o cliente estão surgindo, e mais partes de uma empresa pode agir com base em dados. Ela mostra um monte de exemplos de novos usos dos dados para marketing, e fecha com um comentário digno de nota:
O uso dos dados para marketing está movendo a prática de marketing de “campanha” para “interação contínua”.
Não são exatamente essas as palavras, mas o sentido é esse. Central nesse admirável mundo novo é a evolução dos diversos canais, como e-mail, mídias sociais, rádio, revistas etc., para um único e grande canal: o [omnichannel][omnichannel_bitly], ou omnicanal. Assim, ao invés de termos uma campanha para e-mail, uma para WhatsApp, outra para chat, outra para telefone e assim por diante, devemos ter interação uniforme, orquestrada em todos esses canais. Caso contrário, se você mantiver esses canais separados e competindo entre si pela atenção do cliente, vai gerar desgaste e, no limite, espanar o cliente.
Coincidentemente, saindo do evento eu liguei o rádio no carro e, momentos depois, passou o anúncio de um evento sobre omnichannel aqui em São Paulo. Uau, isso foi rápido!
Ela destaca que é muito, muito importante, haver liderança na empresa para que essa evolução possa aparecer. É preciso existir um profissional com visão, energia e conhecimento capaz de conduzir a iniciativa de marketing e unir todas as formas de interação com o cliente em um continuum mercadológico.
Aliás, uma das máximas que ela, e outros repetiram, é “garantir que a experiência do meu cliente seja homogênea entre todos os canais”. Por exemplo, pode acontecer de eu olhar o preço de um produto na web usando o smartphone, depois conversar pelo chat com uma vendedora via laptop e sair, de carro, para ir até um shopping visitar a loja física e comprar o produto lá. Para que todas essas interações agreguem e fortaleçam a marca com o cliente, é preciso que sejam consistentes. Imagine, ver um preço na web, ir até a loja e encontrá-lo por outro valor lá?!
Outros
Em seguida veio o case de Marketing de canais da Natura. Interessante, mas meio livro-texto – nada realmente inédito ou impactante.
Teve uma palestra da startup Qedu, que me parece que vende análises de dados do sistema educacional público. A proposta é subsidiar o Estado com dados sobre seus alunos, para poder melhorar a educação. Hoje os dados são coletados a cada dois anos (o último conjunto é de 2015), e a meta é conseguir atualizar ao menos uma vez por mês, ou idealmente uma vez por semana, e alimentar as análises com isso. Interessante até, mas eu possuo uma opinião pessoal sobre essa idéia e preciso me abster de comentá-la.
Depois veio o primeiro painel, sobre a transformação digital do Marketing. Interessante pelo que expõe das engrenagens internas de cada empresa e como pensam, mas nada digno de destaque. Achei curioso as diferenças de perfil, nítidas entre consumidores de serviços de BI (a GE e o Sonda) e os fornecedores desse serviço (SAS e Mood/TDWA.) Assistam ao vídeo para entender.
Veio, então, a palestra do Pactual-BTG, sobre sua transformação de banco físico em digital, e logo depois uma fala do Aluizio Falcão Filho, do Círculo Millenium. Esse eu queria que tivesse falado mais – de novo, por motivos pessoais, não profissionais.
Ele contou uma ótima: já ouviram falar do Bebê Johnson & Johnson? Pois é, segundo o Aluizio, a primeira foto de um bebê J&J foi feita do filho recém-nascido de um dos envolvidos – não sei do marketeiro, ou do empresário da Johnson & Johnson à época. Adivinha quem era?
O JOÃO DORIA!!! :-D Sim, o prefeito!!! Ele foi o primeiro bebê! Devia ter se chamado era Aparecido, mesmo… kkkkkk (pode parecer teoria conspiratória, mas justamente este trecho, que começa em 3:42:30, não foi gravado. Eu procurei referências a isso na web, mas não achei confirmações. Se um dia eu tiver uma chance, confirmarei essa história.)
A Bola, Finalmente
E então chegou o último painel. O SAS, alimentado por idéias de marketing, criou uma linha de produtos de “Analytics” para os esportes. Primeiro eles falaram sobre o filme Moneyball, que veio do livro homônimo:
Pelo trailer pareceu muito legal, e eu vou assistir: um time de baseball, que havia sido rebaixado no último campeonato, decide que vai se reerguer e acaba sendo salvo por um sujeito que tabulou estatísticas de inúmeros jogadores. De posse desses dados, esse analista conseguiu encontrar bons jogadores, que estavam subvalorizados, possibilitando montar um time barato, de qualidade, que finalmente alcança o sucesso.
Isso é que é Data Mining de raiz!
Outro livro mencionado no mesmo momento foi o Soccernomics, que vai na mesma linha de análise de dados, agora no futebol.
O nome é uma referência a outro ótimo livro, que expõe contudentemente o valor que uma análise calcada em fatos pode ter, o Freakonomics. Esse eu li, e adorei.
O palestrante, então, monta o painel, chamando os outros três participantes, e começam a bater-papo sobre o assunto.
Acho que deixaram o mais legal para o final.
Sabia que existe uma empresa que registra todas as estatísticas de ações de jogadores em campo? Sabia que existem empresas de Data Mining que analisam esses dados e traçam perfis e estratégias? Meu, é um mundo de coisas que são feitas com BI nos esportes em geral – e no futebol, especificamente – que você nem imagina!
A conclusão desse painel, para mim, foi o ponto mais alto de um lance que já estava lambendo a estratosfera de coisas legais: a Paula Baeta, da Analysis, pegou os dados coletados pela Footstats, do Romanini, e montou um modelo explicativo (não preditivo) para identificar que variáveis explicam a classificação de cada time na última temporada. (Não me peçam detalhes – assistam ao vídeo!)
Daí ela pegou esse modelo e saiu trocando os valores de cada métrica (eram 6: uma positiva, e 5 negativos) entre os times. Por exemplo, ela pegava a quantidade de cartões amarelos do melhor time e colocou no pior, para ver se, de acordo com o modelo, algo teria sido diferente. Ela fez isso umas três vezes, com três times. Muito legal! Se você gosta de futebol, assista, vai se divertir!
Conclusão
O mercado de BI martela “ferramenta” nas nossas orelhas o tempo todo. Todo mundo quer ferramenta.
Quando uma empresa que está no mercado há quarenta anos, que cresce anualmente sempre na faixa dos dois dígitos, vem a público contar as suas histórias, pode ter certeza que vamos ter uma chance de aprender coisas novas. Descartada a parte comercial, que está ali para vender o produto, a parte de negócio, mesmo pequena ainda é extremamente valiosa.
Tocar uma bola redonda, com BI, é usar os dados para impactar a lucratividade de uma organização. Assista ao vídeo, ouça a mensagem e aprenda com essas idéias. Deixe a bola quadrada para a competição selvagem do mercado de software, e abra-se para o imenso mercado, de grandes valores, que existe para quem conseguir tocar uma bola redonda no gramado do BI.
É isso. Até a semana que vem. ;-)