Está finalmente online a primeira edição completa do Fundamentos de Inteligência de Negócios. Clique aqui para visitar a página do livro na Amazon.com.br.
Se você comprou a versão pré-lançamento, que estava online até hoje cedo, já pode baixar a versão final da primeira edição: visite a página Atualize a versão do seu eBook Kindle e siga as instruções.
Se você não se lembra do que estou falando, tudo bem. Faz só quatro anos que eu publiquei a versão de pré-lançamento do livro: eu queria aproveitar meu aniversário de 20 anos em BI, e prometi a versão final para dali a dois meses.
Ha! Dois meses. Como eu estava otimista.
Para o livro chegar ao ponto em que eu queria, que é servir como livro-texto para um curso de Inteligência de Negócios, eu entendia que precisava oferecer três coisas:
- Definição: o que é Inteligência de Negócios?
- Justificativa: porque sua empresa deve usar BI?
- Contexto: ferramentas, tecnologias, processos e história.
O primeiro item e parte do último formavam a versão preliminar. Porém, a justificativa não era tão firme quanto eu gostaria. Além disso, não existem processos típicos de BI. No máximo existem processos de gestão de projetos de BI, mas não de funcionamento de uma área de dados em si.
Após o pré-lançamento eu me dediquei a criar esse o processo e a refinar essa justificativa. Porém, como em uma reforma em que o verdadeiro esforço só é conhecido quando você começa a quebrar tudo, e aí já é tarde, eu só descobri o mato sem cachorro no qual me meti quando continuei o trabalho para completar o livro.
Foi tentando fundamentar a motivação para usar BI que eu notei que não existe motivo que te obrigue a usar Inteligência de Negócios.
Sim, isso mesmo: não existe motivo. Pode espernear e xingar, eu espero. Eu fiz o mesmo.
É óbvio que analisar dados é uma atividade crítica para o sucesso de uma empresa. Isso não se questiona. O que sempre me atormentou, porém, é o fato de que inúmeras empresas (a maioria, na minha observação) vivem sem se preocupar com dados. É fácil de perceber que, depois de tanto tempo existindo sem fundamentar a gestão em informações derivadas dos dados, uma empresa simplesmente vive. Ela pode não ir à falência, pode não dominar o mercado, mas deixar de usar BI não mata ninguém!
Ou seja, se é possível viver sem BI e não afundar, então existe um motivo para praticar Inteligência de Negócios?
Se não faz (tanta) diferença, porque usar?
Eu estava convencido que uma empresa deve usar BI, claro, mas não conseguia exprimir essa convicção sem que ela parecesse mero achismo da minha parte.
Eu levei um tempo até encontrar uma forma expressar esse argumento de tal maneira que ele pudesse ser criticado, que pudesse ser contestado e debatido. Sem isso, todo meu argumento não passaria de achismo e opinião, que é justamente o que eu me propus a evitar quando decidi escrever esse livro. Minha visão para o livro é que ele trouxesse argumentos que fizessem sentido, que tivessem lógica e pudessem ser debatidos e contestados porque se sobreviverem a esse escrutínio, então eles estariam corretos. Se não, então eu teria a chance de aprender e melhorar e tentar de novo. Mas não poderia nunca ser algo dogmático, tirado do ar e sem fundamentos.
Afinal, esse é o nome do livro, né? ;-)
Quando finalmente encontrei essa linha de raciocínio eu fechei o conteúdo. Daí eu trabalhei mais um ano e qualquer coisa até finalizar todos os detalhes relevantes, como a História da Inteligência de Negócios, os casos de livro-texto, ortografia, bibliografia e mais alguns detalhes até me dar por satisfeito e me sentir tranquilo em dizer que o livro está pronto e acabado.
E uma definição certa, precisa e usável de Ciência de Dados, com que eu finalmente fiz as pazes graças ao Scott Ambler.
FIN, 1a. Edição PublicadA
Agora completo, o livro ganhou uma nova descrição:
Definições são importantes.
Médicos não iniciam seu estudo em um hospital, mas em uma sala de aula, aprendendo os conceitos e definições mais básicos. Engenheiros, biólogos, matemáticos, advogados, todos começam aprendendo as definições das próprias áreas. Afinal, como podemos estudar e aplicar algo se não sabemos o que é aquele algo? Apenas depois de tal estudo é que o podemos aprender sobre os instrumentos e procedimentos de cada profissão.
O que é Inteligência de Negócios?
Essa pergunta é respondida há décadas, se não séculos, e mesmo assim ainda não existe uma definição única, aceita por todos. Há quase tantas definições de Inteligência de Negócios quanto há livros, artigos e vídeos sobre o assunto. A maioria das definições baseiam-se em situações concretas – é a coleção de ferramentas, é o ato de analisar dados, é usar dados para lucrar mais e assim por diante. Uma porção menor de definições segue um molde mais acadêmico, abstrato, tentando colocar BI na intersecção de várias outras disciplinas, como Engenharia de Computação, Estatística e Admininstração.
Todas essas definições derivam da observação de projetos de BI, que é uma abordagem inadequada. Afinal, se Física fosse conceituada da mesma forma, por exemplo, ela seria definida como “a aplicação de instrumentos de laboratório para estudar a Natureza”, o que não diz nada. A definição de Física atualmente aceita é ao mesmo tempo simples e completa: o estudo do comportamento da matéria no espaço e tempo, e suas relações de força e energia. Esta definição não amarra Física à existência de experimentos, ou de ferramentas ou processos.
Definições equivocadas, incompletas ou confusas não apenas atrapalham como também podem levar a erros. Por isso é muito importante usar definições fundamentadas em argumentos claros, que possam ser contestados e debatidos. Possuir uma boa definição permite um melhor aprendizado e um trabalho mais fácil e produtivo.
Com Inteligência de Negócios não pode ser diferente. Existe uma definição para Business Intelligence que também possa ser útil, abrangente, fundamental?
Ao invés de se definir BI sobre o que se vê, que são as ferramentas e os processos, este livro constrói uma definição de Inteligência de Negócios através da observação do funcionamento de uma empresa e sua relação com a Informação e os dados. Com essa definição ganhamos liberdade e capacidade de resolver problemas em suas raízes, ao invés de simplesmente tentar mudar processos ou ferramentas.
Como este livro está organizado
O livro é composto por duas partes e fechado por dois apêndices.
A primeira parte inicia-se definindo BI, seguindo-se pela inferência e definição de uma disciplina complementar, a Inteligência Operacional. Em seguida mostramos a aplicação prática dos conceitos vistos e finalmente formalizamos tal aplicação em um processo, que pode ser aplicado em qualquer empresa. O final da primeira parte discute a relação entre BI e a administração de uma empresa.
A segunda parte aborda os temas tradicionalmente associados à Inteligência de Negócios: as ferramentas, processos e tecnologias.
Os dois apêndices adicionam contexto ao leitor: o primeiro elenca os eventos históricos que desaguaram na Inteligência de Negócios, desde o Egito Antigo aos dias atuais, e o segundo reúne casos clássicos de Data Mining.
Muito obrigado pela paciência e boa leitura! ;-)