Michael Porter, da Harvards Business School, diz que o rendimento de uma empresa é empurrado por dois fatores: estratégia e execução.
Phil Rosenzweig escreveu em seu livro The Halo Effect (com a tradução Derrubando Mitos) que, se isso é verdade, então tocar uma empresa com sucesso é uma coisa arriscada pelo simples fato de que nada dá a menor garantia que escolheremos sempre a estratégia vencedora, ao invés de alguma outra estratégia furada.
Não bastasse a dificuldade na escolha da estratégia, a execução dela também é um desafio de porte semelhante. Coisas que funcioaram para uma empresa não necessariamente vão funcionar para outra. Coisas que deram certo no passado ou em outro mercado, podem não dar certo agora, para sua empresa. Ou seja, a execução é algo que também depende de sorte e de alguma experimentação. Claro que existem coisas que são atemporais e independente de mercados ou indústrias – gestão de pessoas, finanças, estoque, algumas automações etc. Uma empresa depende de tantos processos e de tanta gente para funcionar que uma parte dela, com certeza, será particular ou diferente do restante.
Não sei se consegui me fazer entender, e por isso aqui vai o resumo:
- Duas das maiores e mais afinadas mentes científicas de nosso tempo argumentam que o sucesso de uma empresa depende de sua estratégia e da execução dessa;
- Adotar uma estratégia é igual a descartar TODAS as outras estratégias possíveis;
- Não é possível saber de antemão qual estratégia vai dar certo, e qual vai dar errado;
- Implantar (executar) essa estratégia é algo que depende de conhecimento, experimentação e sorte.
Melhorou? Leiam o livro do Rosenzweig para uma iluminação maior, mas se você acha que entendeu a lista acima, beleza, consegui o que eu queria. Próxima pergunta:
Como Escolher uma Estratégia?
O Rosenzweig discute isso brevemente. Resumindo, não dá para competir com todo mundo, em todos os mercados, oferecendo todos os produtos para todos os clientes. É preciso fazer escolhas, é preciso tomar decisões, como por exemplo:
- Em que mercado vamos atuar?
- Que produto vamos oferecer?
- Contra quem vamos concorrer?
- Vamos vender por menos que a concorrência, ou cobrar um prêmio por mais qualidade/conteúdo/rendimento/etc?
- Quanto os clientes estão dispostos a pagar?
Como Executar a Estratégia?
Larry Bossid disse que “Nenhuma estratégia entrega resultados a menos que convertida em ações específicas.” Uma vez que a estratégia foi escolhida, a execução precisa ser suficiente e isso implica em fazer mais escolhas. É irreal pretender executar 100% das atividades possíveis e ter 100% de qualidade em 100% das vezes. É preciso escolher no que investir tempo e recursos, e decidir que atividades serão deixadas de lado ou terão menos atenção.
A diferença entre a execução e a estratégia é que a estratégia depende muito do que está fora da empresa, e a execução depende quase que totalmente do que está dentro da empresa.
Ou seja, se a sua empresa ainda não existe, se ela é só um Plano de Negócios, você precisa de dados gerados por outrem. Você não tem nada, e precisa pesquisar tudo. Você ainda não sabe nada sobre seu (futuro) negócio, tudo são estimativas, chutes e palpites.
Você faz o melhor que pode para tirar a empresa do papel, e durante um tempo voa por instrumentos, meio às cegas, contando com a melhor informação que você conseguiu acumular e seu taco para o negócio.
Uma vez que sua empresa passou a existir, dados começaram a ser gerados – pedidos, itens produzidos, serviços prestados, clientes adquiridos e perdidos, lucratividade, competição, market share etc. etc. etc. A partir daí você pode avaliar se está indo bem ou não. Você consegue dizer se está executando bem, ou não, se sua estratégia está dando certo, ou não.
Inteligência de Negócios, Estragégia & Execução
Rosenzweig conclui, no capítulo nove do Halo Effect, que executar brilhantemente uma estratégia de sucesso pode levar uma empresa à falência. Se o mercado mudar, se a tecnologia mudar, se a concorrência mudar – se alguma coisa mudar o mundo no qual sua empresa existe – sua empresa vai ficar vulnerável, e a única forma de lidar com isso é estar sempre atento e, eventualmente, decidir mudar de estratégia, antes que seja tarde demais. No final deste capítulo, Rosenzweig cita Tom Peter de novo:
Para ser excelente, você precisa ser consistente. Quando você é consistente, você é vulnerável a ataques. Sim, é um paradoxo. Vire-se com isso.
E como você decide que é hora de mudar de estratégia? Como você descobre se o problema não é estratégia, mas sim execução? Ou o inverso?
Uma empresa é uma coisa viva, que existe em um mundo em constante mutação. Organizações podem ser entendidas em si, e em seu meio-ambiente, por um único indivíduo até certo tamanho: uma padaria, uma farmácia, uma escola – um supermercado, talvez. Acima de um certo tamanho, as interações dentro da empresa, e da empresa com o meio externo são tão numerosas e complexas que uma só pessoa não consegue abarcar em sua mente toda aquela informação e tirar sentido dela. A partir de um certo tamanho, repensar a estratégia e avaliar a execução passa a ser uma tarefa sobre-humana.
E é nesse ponto que se encontra o valor da Inteligência de Negócios. A captura e análise sistemática de todos os dados que sua empresa gera, e se possível, dados do mercado e dos clientes, só pode ser feita com ferramentas específicas. Essas ferramentas se separam em duas categorias: acúmulo de dados e análise de dados. Armazéns de Dados (Data Warehouses) cuidam do acúmulo. Ferramentas como OLAP e Data Mining cuidam da segunda. Recursos de apresentação, como painéis e relatórios, comunicam os resultados para a empresa, e servem como guias para avaliar o risco da estratégia atual, para avaliar a qualidade da execução em curso.
Inteligência de Negócios é a disciplina que habilita uma empresa a buscar alto rendimento.
Juntando à conclusão do post anterior:
Inteligência de Negócios é a disciplina que habilita uma empresa a buscar alto rendimento através da compreensão de seu negócios mediante a aplicação do Método Científico.
Fechou, é isso. Até a próxima.